Sinto o Rio como o Rio...
Mas sinto o Rio menos Rio.
O que me falta você já sabe.
O que me falta é o que cantam
O que espalham as quatro folhas
Desse trevo chamado mundo
O que me falta não se fala
Pois já se sabe com tanta certeza
Que vale a pena sorrir e só
Mas nada impede-me que eu cante
Que eu expila meu coracão
Pela garganta eu solte um grito
Que vai vibrar pelas grades
Que eu escalei para alcancar
O seu perdão.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Meu novo caminhar
Eu descobri que não sou materialista.
Agora eu ando pelas ruas do Rio com tranquilidade.
Sinto-me seguro. Sinto que provavelmente nada de ruim vai me acontecer.
E se acontecer, basta esperar pela próxima coisa
Eu sei que ela vai ser boa!
Agora eu ando pelas ruas do Rio com tranquilidade.
Sinto-me seguro. Sinto que provavelmente nada de ruim vai me acontecer.
E se acontecer, basta esperar pela próxima coisa
Eu sei que ela vai ser boa!
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Caught in a bad romance
Posso até estar gagá,
mas o fato é que gosto de dois países...
onde me revistam, onde todos são suspeitos
e onde não me revistam mas todos são suspeitos
Gosto dos dois extremos,
onde somos errados
e onde são tão certos que estão errados
Gosto dos 87% do operário, e gosto do nigga
Gosto muito do sotaque nigga, gosto do nigga sotero
Gosto da voz preta de Carlinhos, de Amy, de Lady
Gosto dos santos da California e do Pelé dos Santos
Gosto mais do estado californiano do ser
Sou do oeste, cause the mountains are my horizon
Sou americano que nunca cruzou o atlântico
Sou desse continente e tudo que sei é esse continente
Sou, e para mim isso não é uma questão
Perdoe-me, Sheik!
mas o fato é que gosto de dois países...
onde me revistam, onde todos são suspeitos
e onde não me revistam mas todos são suspeitos
Gosto dos dois extremos,
onde somos errados
e onde são tão certos que estão errados
Gosto dos 87% do operário, e gosto do nigga
Gosto muito do sotaque nigga, gosto do nigga sotero
Gosto da voz preta de Carlinhos, de Amy, de Lady
Gosto dos santos da California e do Pelé dos Santos
Gosto mais do estado californiano do ser
Sou do oeste, cause the mountains are my horizon
Sou americano que nunca cruzou o atlântico
Sou desse continente e tudo que sei é esse continente
Sou, e para mim isso não é uma questão
Perdoe-me, Sheik!
La vie en rose par moi
A vida me pega em seus bracos
E me fala baixinho
Eu vejo a vida em rosa
Ela me fala palavras de amor
Palavras rotineiras
E eu sinto alguma coisa
Ela está dentro do meu corassão
Ela é minha felicidade
E eu sei porquê
Sou eu por ela, ela por mim
Pela vida
Ela me jura, me jura pela vida
E me fala baixinho
Eu vejo a vida em rosa
Ela me fala palavras de amor
Palavras rotineiras
E eu sinto alguma coisa
Ela está dentro do meu corassão
Ela é minha felicidade
E eu sei porquê
Sou eu por ela, ela por mim
Pela vida
Ela me jura, me jura pela vida
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Regra Nova
A partir de agora é assim: em vez de c cedilha, vou escrever dois esses. E com aspas vou destacar a palavra que sofrer alteracão.
Um pequeno toque de "mutassão"
Um pequeno toque de "mutassão"
Cleared to Land
Tava me lembrando agora de um post que eu coloquei aqui quando fui pro Brasil pela primeira vez.
Eu dizia que sentia Golden como também sendo minha casa. Acontece que agora sinto que estou voando desde o dia 22 de agosto, quando decolei do Galeão.
Impressionei 2 dos 3 professores com quem tenho tido aula neste semestre. Para um pedi para adiantar a apresentacão do meu projeto de final de curso e pro outro pedi pra adiantar meu ultimo exame pra algumas horas antes da última aula!! Esta prova enfrentarei quinta-feira, exame oral em inglês entre um Brasileiro e um Russo. Um belo jogo de sotaques. Por sinal, esse professor é um dos caras mais sinistros da geofísica. Uma bela duma aventura, eu diria.
Uma coisa interessante da geofísica, pelo menos da geofísica de exploracão, é que a maioria dos ícones está viva e em atividade. Isso se deve ao fato de a geofísica ser uma ciência muito nova. Eu acho muito interessante viver os primeiros passos de uma ciência. Fico imaginando o futuro da geofísica. Acho que tem muita coisa interessante pra acontecer. E tem mais! Os métodos eletromagnéticos vão se tornar muito importantes no futuro. Imagina medir a resistividade de uma rocha a partir da superfície, sem poco. A geofisica é essencialmente física, uma vez que a ciência é permeada pelo conceito e pela utilizacão de campos. O conceito de um campo é um dos mais bonitos e misteriosos da física. E a geofísica trata de resolver solucões matemáticas para as condicões físicas de seus campos.
Voltando ao assunto de eu ir ao Brasil na quinta. Finalmente vou aterrisar. Ou seria aterrissar? Porque tem gente que fala aterrisssssar. Mas eu acho que o certo é aterrisar! Pois, Golden é um lugar delicioso. Mas é uma casa de verão. E eu to sentindo que esse vai ser um verão longo! Mas depois de amanhã, eu tô indo pro Brasil! Axé
Eu dizia que sentia Golden como também sendo minha casa. Acontece que agora sinto que estou voando desde o dia 22 de agosto, quando decolei do Galeão.
Impressionei 2 dos 3 professores com quem tenho tido aula neste semestre. Para um pedi para adiantar a apresentacão do meu projeto de final de curso e pro outro pedi pra adiantar meu ultimo exame pra algumas horas antes da última aula!! Esta prova enfrentarei quinta-feira, exame oral em inglês entre um Brasileiro e um Russo. Um belo jogo de sotaques. Por sinal, esse professor é um dos caras mais sinistros da geofísica. Uma bela duma aventura, eu diria.
Uma coisa interessante da geofísica, pelo menos da geofísica de exploracão, é que a maioria dos ícones está viva e em atividade. Isso se deve ao fato de a geofísica ser uma ciência muito nova. Eu acho muito interessante viver os primeiros passos de uma ciência. Fico imaginando o futuro da geofísica. Acho que tem muita coisa interessante pra acontecer. E tem mais! Os métodos eletromagnéticos vão se tornar muito importantes no futuro. Imagina medir a resistividade de uma rocha a partir da superfície, sem poco. A geofisica é essencialmente física, uma vez que a ciência é permeada pelo conceito e pela utilizacão de campos. O conceito de um campo é um dos mais bonitos e misteriosos da física. E a geofísica trata de resolver solucões matemáticas para as condicões físicas de seus campos.
Voltando ao assunto de eu ir ao Brasil na quinta. Finalmente vou aterrisar. Ou seria aterrissar? Porque tem gente que fala aterrisssssar. Mas eu acho que o certo é aterrisar! Pois, Golden é um lugar delicioso. Mas é uma casa de verão. E eu to sentindo que esse vai ser um verão longo! Mas depois de amanhã, eu tô indo pro Brasil! Axé
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Uma Outra Felicidade Clandestina
Acontece que o menino vive em dúvida. O correr de sua vida depende de sua objetividade e organizacão. Já o menino ele mesmo, prefere que sua vida ande sinuosamente devagar e lhe permita colocar metáforas no mundo.
Ele já aprendeu que a Vida é implacável, e decidiu curtí-La como vier. Decidiu que não ia ser comunista, nem jogador de futebol, porque teve medo da Vida castigá-lo. Ela é uma amante dominadora, quer te possuir e te fazer objetivo, ou você prefere a alternativa: morrer só?
Quase invariavelmente entregamo-nos a Ela. E, neste caso, exigimos só uma coisinha. Isso, claro, só se Ela puder nos dar, se não nos conformamos em não receber ou receber em tamanho pequeno. Tudo que queremos da Vida é uma identidade.
A aparicão da identidade ocorre bem cedo quando nos perguntam o que vamos ser quando crescer. É quando percebemos que ser astronauta é menos provável que ser jogador da selecão. Então decidimos ser jogador da selecão, mas nossa mãe não deixa porque não daria tempo de ir pra escola e estudar muito pra ser alguem quando crescer. Esse é um momento delicado, porque algumas raras criancas correm o risco de cometer uma reflexão que mudaria drasticamente suas vidas: eu sou alguem, embora não tenha crescido ainda. Conceito que adulto não entende, porque pra ele o que é óbvio não é óbvio. Na verdade ele só entende de coisas complicadas, que são as coisas nas quais ele pensa. Então, as criancas que cometem essa reflexão perdem a crenca nos adultos e não ligam quando eles falam que ter uma identidade é a coisa mais importante na vida, tão importante que se confunde com a vida em si.
Acontece que o menino cometeu essa reflexão com o coracão, mas guardou-a lá. E o coracão dele é sinuoso como ele gostaria que sua vida fosse, mas não é. E sua reflexão acabou não afetando sua mente.
Assim, lendo Clarice perto da meia-noite, ele comeca a sentir aquele tremor que costuma impedí-lo de dormir cedo e trabalhar para sua identidade desde a manhãzinha. Aqueles contos aticam o menino e o pastoreiam por metáforas vivas.
Ele sente a dissolucão de sua identidade em seu entorno. Emerge vigorosamente um ser intuitivo que espreita os arredores quietos da noite para saborear a sensacão de não ser testemunhado. Sorri, olhando agora para dentro.
Clarice, que seria o nome da menina que sua família quase adotou quando ele tinha 6 anos, é a compreensão e a genuinidade. Clarice é o telescópio para o interior do Ser, para quem a identidade é uma superfície transparente. Clarice é o ser mais sedutor do mundo, e o menino com sua tendência para o encanto, olha pra si e vê Clarice.
Ele desce a escada e inicia sua odisséia pessoal, escrever-se para outros. Assim como Clarice fez, ele faz no escuro, além das expectativas terceiras, ele faz sem poder, mas porque deve, porque neste pequeno momento ele acredita que é mais importante que sua própria vida, e porque se esqueceu que tem uma identidade.
Ele já aprendeu que a Vida é implacável, e decidiu curtí-La como vier. Decidiu que não ia ser comunista, nem jogador de futebol, porque teve medo da Vida castigá-lo. Ela é uma amante dominadora, quer te possuir e te fazer objetivo, ou você prefere a alternativa: morrer só?
Quase invariavelmente entregamo-nos a Ela. E, neste caso, exigimos só uma coisinha. Isso, claro, só se Ela puder nos dar, se não nos conformamos em não receber ou receber em tamanho pequeno. Tudo que queremos da Vida é uma identidade.
A aparicão da identidade ocorre bem cedo quando nos perguntam o que vamos ser quando crescer. É quando percebemos que ser astronauta é menos provável que ser jogador da selecão. Então decidimos ser jogador da selecão, mas nossa mãe não deixa porque não daria tempo de ir pra escola e estudar muito pra ser alguem quando crescer. Esse é um momento delicado, porque algumas raras criancas correm o risco de cometer uma reflexão que mudaria drasticamente suas vidas: eu sou alguem, embora não tenha crescido ainda. Conceito que adulto não entende, porque pra ele o que é óbvio não é óbvio. Na verdade ele só entende de coisas complicadas, que são as coisas nas quais ele pensa. Então, as criancas que cometem essa reflexão perdem a crenca nos adultos e não ligam quando eles falam que ter uma identidade é a coisa mais importante na vida, tão importante que se confunde com a vida em si.
Acontece que o menino cometeu essa reflexão com o coracão, mas guardou-a lá. E o coracão dele é sinuoso como ele gostaria que sua vida fosse, mas não é. E sua reflexão acabou não afetando sua mente.
Assim, lendo Clarice perto da meia-noite, ele comeca a sentir aquele tremor que costuma impedí-lo de dormir cedo e trabalhar para sua identidade desde a manhãzinha. Aqueles contos aticam o menino e o pastoreiam por metáforas vivas.
Ele sente a dissolucão de sua identidade em seu entorno. Emerge vigorosamente um ser intuitivo que espreita os arredores quietos da noite para saborear a sensacão de não ser testemunhado. Sorri, olhando agora para dentro.
Clarice, que seria o nome da menina que sua família quase adotou quando ele tinha 6 anos, é a compreensão e a genuinidade. Clarice é o telescópio para o interior do Ser, para quem a identidade é uma superfície transparente. Clarice é o ser mais sedutor do mundo, e o menino com sua tendência para o encanto, olha pra si e vê Clarice.
Ele desce a escada e inicia sua odisséia pessoal, escrever-se para outros. Assim como Clarice fez, ele faz no escuro, além das expectativas terceiras, ele faz sem poder, mas porque deve, porque neste pequeno momento ele acredita que é mais importante que sua própria vida, e porque se esqueceu que tem uma identidade.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Na Ordem Direta
A vida é assim quem quiser goste de mim
O Rio é assim quem quiser viva em mim
O palhaco é assim quem quiser ria ante mim
O colecionador é assim quem quiser empalhe-se por mim
O preguicoso é assim quem quiser colecione para mim
A cama é assim quem quiser espreguice-se trás mim
O morto é assim quem quiser acame-se após mim
O Governo é assim quem quiser morra contra mim
O Povo é assim quem quiser governe segundo mim
A terra é assim quem quiser povoe sobre mim
A lápide é assim quem quiser enterre-se sob mim
A pedra é assim quem quiser dilapide a mim
O olhar é assim quem quiser petrifique-se perante mim
A atencão é assim quem quiser olhe sem mim
A estréia é assim quem quiser atente desde mim
O ator é assim quem quiser estreie comigo
O final é assim quem quiser atue até mim
A vagina é assim quem quiser finalize entre mim
O Rio é assim quem quiser viva em mim
O palhaco é assim quem quiser ria ante mim
O colecionador é assim quem quiser empalhe-se por mim
O preguicoso é assim quem quiser colecione para mim
A cama é assim quem quiser espreguice-se trás mim
O morto é assim quem quiser acame-se após mim
O Governo é assim quem quiser morra contra mim
O Povo é assim quem quiser governe segundo mim
A terra é assim quem quiser povoe sobre mim
A lápide é assim quem quiser enterre-se sob mim
A pedra é assim quem quiser dilapide a mim
O olhar é assim quem quiser petrifique-se perante mim
A atencão é assim quem quiser olhe sem mim
A estréia é assim quem quiser atente desde mim
O ator é assim quem quiser estreie comigo
O final é assim quem quiser atue até mim
A vagina é assim quem quiser finalize entre mim
Uma Bandeira Mais
Defendo os clichês como a mim próprio
Como um pai defende a cria
Defendo o direito de botar-lhes no mundo dos blogs e crônicas não registradas
Não acho injusto entupir olhos alheios com minha reciclagem
Meu reclame não é de vaidade, nem nada demais
É que sem um clichê não sei me dizer nem me mostrar
Pois sou eu também uma reciclagem da cultura e dos genes de meus pais
Sou um elo na correia reprodutiva e alimentar
De clichês
Sou um pombo no correio poético a cagar
Meus Clichês
Como um pai defende a cria
Defendo o direito de botar-lhes no mundo dos blogs e crônicas não registradas
Não acho injusto entupir olhos alheios com minha reciclagem
Meu reclame não é de vaidade, nem nada demais
É que sem um clichê não sei me dizer nem me mostrar
Pois sou eu também uma reciclagem da cultura e dos genes de meus pais
Sou um elo na correia reprodutiva e alimentar
De clichês
Sou um pombo no correio poético a cagar
Meus Clichês
sexta-feira, 30 de julho de 2010
O Brasil
Jah pensaram que quando dizemos que uma pessoa estah com a cara amarela eh porque ela estah mal de saude. Imaginamos um amarelo claro, desbotado, que lembra doenca.
Quando dizemos que o Brasil eh amarelo, nossas vistas inumdam-se duma imagem de vida demais. Nossa terra eh o auge da vida, que se perpetua atraves da festa, de nos divertirmos com qualquer coisa! Nao, o Brasil nao eh serio, eh divertido!
No Brasil a existencia de Deus faz muito sentido, pois somos o paraiso terreno, mas nem ligamos, porque a inebriante alegria nao nos deixa temer. Rimos com prazer, e nao teme!
Tudo bem tambem se no Brasil voce eh amigo de Ala, Oxum, ou Jesus, de Buda, conhecido de Abraao, tudo bem. Voce nao teme, quanto muito um friozinho na barriga, porque voce sabe que estao todos do seu lado. E a Patota de Cosme nao vai deixar te derrubar.
No Brasil, somos hexacampeos de arte espontanea e admirada.
Ah mas eu vou chegar, com vontade de ficar e certeza de sonhar. No ritmo de eh proib ido proibir.
valeu meu rio de janeiro. sou seu. como sou, como amo.
tenho pais, sou cidadao, e tenho cidade, sou do rio de janeiro. a chapa tah quente e a galera tah fumando demais.
Hoje tava lendo uma reportagem sobre a volta do Runco à selecão. E uma das frases dizia "[...] após o vexame da Copa da África do Sul [...]". Vexame? Chegar nas quartas de final nunca será um vexame. A menos que se menospreze muito os adversários. Estamos tão preocupados com a infraestrutura para 2014, mas será que seremos respeitosos o suficiente? Seremos hospitaleiros ou competitivos? Espero que sejamos Gil.
Um beijo,
Julio
valeu meu rio de janeiro. sou seu. como sou, como amo.
tenho pais, sou cidadao, e tenho cidade, sou do rio de janeiro. a chapa tah quente e a galera tah fumando demais.
Hoje tava lendo uma reportagem sobre a volta do Runco à selecão. E uma das frases dizia "[...] após o vexame da Copa da África do Sul [...]". Vexame? Chegar nas quartas de final nunca será um vexame. A menos que se menospreze muito os adversários. Estamos tão preocupados com a infraestrutura para 2014, mas será que seremos respeitosos o suficiente? Seremos hospitaleiros ou competitivos? Espero que sejamos Gil.
Um beijo,
Julio
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Sentimentos
Afeicyon
Resignacyon
Frustracyon
Lamentacyon
Desprezyon
Admiracyon
Amizadyon
Estupefacyon
Felicidadyon
Euforyon
Invejyon
Orgulhyon
Tristezyon
Arrependimentyon
Vergonhyon
Alegryon
Esperancyon
Ciumyon
Grand Canyon
Resignacyon
Frustracyon
Lamentacyon
Desprezyon
Admiracyon
Amizadyon
Estupefacyon
Felicidadyon
Euforyon
Invejyon
Orgulhyon
Tristezyon
Arrependimentyon
Vergonhyon
Alegryon
Esperancyon
Ciumyon
Grand Canyon
quarta-feira, 16 de junho de 2010
El Dia en Personas
Um fim pela manhã. Não irreversível, mas que interrompe algo, como todos os fins desse mundo. Nesse caso, algo bom, a companhia de meu amigo nessa viagem que faço pelo oeste estadunidense.
Rodrigo é das melhores coisas que a faculdade me proporcionou, um amigo com quem compartilho diferenças fortíssimas de estilo de vida e de agir. Juntos aprendemos a rir do absurdo que somos; aprendemos a tornar as diferenças uma lente para enxergarmos nossas excentricidades, as quais usamos para nos divertir. Diversão grátis e impagável!
Tamanhas são as diferenças, que as similaridades tornam-se notáveis! Descobrimos uma característica comum quando vemos que o mundo é muito mais diferente de nós do que somos um do outro, como aconteceu na horrenda cidade de Reno onde vimos esquisitisses estarrecedoras. Na ocasião dessas descobertas brindamos um ao outro com gargalhadas que se prolongam por horas.
Depois de deixá-lo no aeroporto de San Francisco voltei para ver o segundo tempo do Brasil no hotel. E quando estamos em outro pais, principalmente se for morando, nossa identidade nacional torna-se mais patente. A estrangeiridade ao redor emoldura nossa nacionalidade, e o sujeito pode apreciar-se em primeira e em terceira pessoa. Viramos nosso próprio alter-ego.
Assisti ao jogo acompanhado de meu pai, um paulista gente boa, e uma carrada de gringo que esperava ver o comercial da Nike em vez de um jogo de futebol. Assim, ficaram todos frustrados por não ter tocado Mais que Nada na hora dos dribles e por a bola não ter ficado em chamas na hora dos chutes!
Depois do jogo meus pais e eu demos uma volta por San Francisco e no final da tarde fomos à charmosa Sausalito, cidade que fica na outra extremidade da Golden Gate Bridge. No caminho minha mãe lembrou que a Isabel Allende mora lá, e não levou muito para acharmos seu endereço na internet. O único livro seu que li foi Eva Luna, que me comoveu muito pela forma como deixa aflorar os meandros do coração feminino pela estória de vida de uma menina, mostrando seus anseios, medos, laços afetivos, satisfações e percepções de mundo. Meus pais leram todos os seus livros com exceção do último, La Isla Bajo el Mar. O penúltimo, La Soma de los Dias, conta a vida recente de Isabel, situada na casa que esperávamos encontrar hoje.
A portinhola da casa estava aberta, dando passagem para o quintal que o fim do dia não se preocupava em iluminar bem. A atmosfera no interior da casa era de cozinha limpa após almoço com visitas, todos pareciam ter saído de lá para descansar em outro lugar. As palmas que bati com meio corpo dentro do terreno não acordaram a casa, que sequer me entreolhou com uma de suas janelas.
O vazio foi preenchido por uma mulher baixinha que caminhava pela mesma calçada em nossa direção, carregando um pacote banal. Logo depois descobriríamos que o formato aberto de seu rosto concorda com a frequência que essa mulher já abriu seus braços para acolher pessoas ou expor seu coração. Perguntou-nos: "Precisam de ajuda?". "Sim, procuramos a casa de Isabel Allende, é essa aqui?", ao que respondeu a moça com muita decisão: "Esse é o escritório dela sim, mas só fica aberto de 9 da manhã às 5 da tarde."
Em intervalos de mais ou menos 5 segundos fomos um a um repetindo "É a Isabel Allende?", e precipitamo-nos atrás dela gritando "Isabel!!". Nossa insistência forçou-a a virar-se para dizer sim à minha pergunta "Você é a Isabel Allende?" e chamar-nos com um aceno para irmos depressa seguindo ela. Sua pressa era porque chegavam algumas visitas à sua casa. Mesmo assim ela nos levou a seu escritório, onde sentamos para conversar um pouco e nos pediu para que escolhêssemos entre as versões em inglês e espanhol do Isla Bajo el Mar. Afirmei que na língua original é melhor, e assim o recebi com um autógrafo.
Foi a experiência de encontrarmos de uma maneira muito simples uma pessoa que nós três admiramos muito de uma maneira simples. Estávamos todos desarmados, nós e ela. Os olhos de meus pais retornavam emoção aos olhos daquela que tanto os tocou com suas palavras. Seu abraço parece ter fechado um ciclo de toques emocionais que fora iniciado há tantos anos por palavras, por idéias e sentimentos transmitidos com tanta delicadeza e paixão, toques emocionais recebidos com uma frangilidade inocente.
Fiquei também muito impressionado com como ela me lembrou a Vera, amiga e terapeuta dos três. E quando comentei com meus pais, eles disseram que sempre acharam isso também. Vera e Isabel são contagiantes, são agregadoras de gente, têm uma sensibilidade humana sofisticadíssima, são mulheres fortes e delicadas, e sobretudo exalam amor.
Reservo para o final do meu dia um pensamento. A perda de uma pessoa importante acontece sempre um pouco antes da aparição de uma pessoa promissora. Cada pessoa deve ter liberdade de ir e vir em nossa vida e tanto chegadas quanto partidas devem ser louvadas. Dizem os Beatles "And in the end the love you take is equal to the love you make". E no site da Isabel eu li "What you have is what you give".
Pessoas.
Rodrigo é das melhores coisas que a faculdade me proporcionou, um amigo com quem compartilho diferenças fortíssimas de estilo de vida e de agir. Juntos aprendemos a rir do absurdo que somos; aprendemos a tornar as diferenças uma lente para enxergarmos nossas excentricidades, as quais usamos para nos divertir. Diversão grátis e impagável!
Tamanhas são as diferenças, que as similaridades tornam-se notáveis! Descobrimos uma característica comum quando vemos que o mundo é muito mais diferente de nós do que somos um do outro, como aconteceu na horrenda cidade de Reno onde vimos esquisitisses estarrecedoras. Na ocasião dessas descobertas brindamos um ao outro com gargalhadas que se prolongam por horas.
Depois de deixá-lo no aeroporto de San Francisco voltei para ver o segundo tempo do Brasil no hotel. E quando estamos em outro pais, principalmente se for morando, nossa identidade nacional torna-se mais patente. A estrangeiridade ao redor emoldura nossa nacionalidade, e o sujeito pode apreciar-se em primeira e em terceira pessoa. Viramos nosso próprio alter-ego.
Assisti ao jogo acompanhado de meu pai, um paulista gente boa, e uma carrada de gringo que esperava ver o comercial da Nike em vez de um jogo de futebol. Assim, ficaram todos frustrados por não ter tocado Mais que Nada na hora dos dribles e por a bola não ter ficado em chamas na hora dos chutes!
Depois do jogo meus pais e eu demos uma volta por San Francisco e no final da tarde fomos à charmosa Sausalito, cidade que fica na outra extremidade da Golden Gate Bridge. No caminho minha mãe lembrou que a Isabel Allende mora lá, e não levou muito para acharmos seu endereço na internet. O único livro seu que li foi Eva Luna, que me comoveu muito pela forma como deixa aflorar os meandros do coração feminino pela estória de vida de uma menina, mostrando seus anseios, medos, laços afetivos, satisfações e percepções de mundo. Meus pais leram todos os seus livros com exceção do último, La Isla Bajo el Mar. O penúltimo, La Soma de los Dias, conta a vida recente de Isabel, situada na casa que esperávamos encontrar hoje.
A portinhola da casa estava aberta, dando passagem para o quintal que o fim do dia não se preocupava em iluminar bem. A atmosfera no interior da casa era de cozinha limpa após almoço com visitas, todos pareciam ter saído de lá para descansar em outro lugar. As palmas que bati com meio corpo dentro do terreno não acordaram a casa, que sequer me entreolhou com uma de suas janelas.
O vazio foi preenchido por uma mulher baixinha que caminhava pela mesma calçada em nossa direção, carregando um pacote banal. Logo depois descobriríamos que o formato aberto de seu rosto concorda com a frequência que essa mulher já abriu seus braços para acolher pessoas ou expor seu coração. Perguntou-nos: "Precisam de ajuda?". "Sim, procuramos a casa de Isabel Allende, é essa aqui?", ao que respondeu a moça com muita decisão: "Esse é o escritório dela sim, mas só fica aberto de 9 da manhã às 5 da tarde."
Em intervalos de mais ou menos 5 segundos fomos um a um repetindo "É a Isabel Allende?", e precipitamo-nos atrás dela gritando "Isabel!!". Nossa insistência forçou-a a virar-se para dizer sim à minha pergunta "Você é a Isabel Allende?" e chamar-nos com um aceno para irmos depressa seguindo ela. Sua pressa era porque chegavam algumas visitas à sua casa. Mesmo assim ela nos levou a seu escritório, onde sentamos para conversar um pouco e nos pediu para que escolhêssemos entre as versões em inglês e espanhol do Isla Bajo el Mar. Afirmei que na língua original é melhor, e assim o recebi com um autógrafo.
Foi a experiência de encontrarmos de uma maneira muito simples uma pessoa que nós três admiramos muito de uma maneira simples. Estávamos todos desarmados, nós e ela. Os olhos de meus pais retornavam emoção aos olhos daquela que tanto os tocou com suas palavras. Seu abraço parece ter fechado um ciclo de toques emocionais que fora iniciado há tantos anos por palavras, por idéias e sentimentos transmitidos com tanta delicadeza e paixão, toques emocionais recebidos com uma frangilidade inocente.
Fiquei também muito impressionado com como ela me lembrou a Vera, amiga e terapeuta dos três. E quando comentei com meus pais, eles disseram que sempre acharam isso também. Vera e Isabel são contagiantes, são agregadoras de gente, têm uma sensibilidade humana sofisticadíssima, são mulheres fortes e delicadas, e sobretudo exalam amor.
Reservo para o final do meu dia um pensamento. A perda de uma pessoa importante acontece sempre um pouco antes da aparição de uma pessoa promissora. Cada pessoa deve ter liberdade de ir e vir em nossa vida e tanto chegadas quanto partidas devem ser louvadas. Dizem os Beatles "And in the end the love you take is equal to the love you make". E no site da Isabel eu li "What you have is what you give".
Pessoas.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Não que eu saiba muito. Mas isso também não siginfica que não possa comentar. Minha teoria é que a sensaćão que temos nos momentos intensos, de que nossa vida é mais densa, é devida ao fato. De que nos momentos intensos esquecemos o passado e o futuro, e o percentual de presente que vivemos torna-se imenso. E o presente é o único dos três que não é vivência nula!
Atenćão a voce que acha que escreve muito em português: o erro cometido ao inserir o ponto entre "fato" e "De" é proposital. A gramática não está mais certa do que eu.
Imagina que tipo de sensaćões não experimentaríamos se não pudéssemos nos recolher por um momento, sem que os outros nos observassem?
Os Beatles utilizaram a mais polêmica planta no palácio de Buckingham.
Por que todos fazem o que devem fazer? E por que acham essa pergunta tão óbvia apesar de ela ser tão mal respondida?
Como terá sido ser Newton? Como terá sido o super-man? Como será ser Einstein, e mandar uma carta para o presidente americano incentivando à construćão da bomba, e ser um pacifista?
Por que o elétron não é um buraco negro?
("Questões forjadas num período de individualismo, 30 de maio de 2010).
Atenćão a voce que acha que escreve muito em português: o erro cometido ao inserir o ponto entre "fato" e "De" é proposital. A gramática não está mais certa do que eu.
Imagina que tipo de sensaćões não experimentaríamos se não pudéssemos nos recolher por um momento, sem que os outros nos observassem?
Os Beatles utilizaram a mais polêmica planta no palácio de Buckingham.
Por que todos fazem o que devem fazer? E por que acham essa pergunta tão óbvia apesar de ela ser tão mal respondida?
Como terá sido ser Newton? Como terá sido o super-man? Como será ser Einstein, e mandar uma carta para o presidente americano incentivando à construćão da bomba, e ser um pacifista?
Por que o elétron não é um buraco negro?
("Questões forjadas num período de individualismo, 30 de maio de 2010).
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Theo and Nataly
Hoje metade dos meus melhores amigos em Golden decolou para longe. Chegamos ao aeroporto quase às 5 da manhã, Nataly, Theo e eu. Após 6 ou 7 dias juntos fomos obrigados a dizer tchau ao nosso querido francês.
As paredes da casa continuam ecoando a voz da Nataly implicando com o Theo, ele dizendo "come on" e me sugerindo de fazermos uma salada e vermos um filme à noite, ela me contando uma fofoca e dizendo "it's cold, may I use your sweter?".
Esses dois amigos preencheram meu coração nos últimos meses. E pra comemorar nossa afinidade viajamos na terça para o sul do Colorado onde há umas dunas imensas, dormimos no carro, e no dia seguinte, passamos num hot spring, um desses lugares com águas termais, e uma maravilhosa paisagem de recuperar o folego! A noite fizemos aqui em casa um churrasco de despedida para o Theo, e a gringalhada ficou maravilhada com o tempero brasileiro. Foram todos apresentados ao sal grosso. Enfim, dormimos as duas para acordar as quatro e ir ao aeroporto.
Agora vou me recolher a minha tristeza momentanea devida a partida do meu amigo, mas reconhecer minha alegria eterna por ter pessoas no meu coracao.
que no los puedo contar
en el valle, la montaña
en la pampa y en el mar.
Cada cual con sus trabajos,
con sus sueños cada cual
Con la esperanza adelante,
con los recuerdos detrás.
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
Gente de mano caliente
por eso de la amistad.
Con um lloro pa´llorarlo,
con un rezo pa´ rezar.
Con un horizonte abierto
que siempre está má allá.
Y esa fuerza pa´ buscarlo
con tesón y voluntad.
Cuando parece más cerca
es cuando se aleja más.
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
Y así seguimos andando
curtidos de soledad.
Nos perdemos por el mundo
nos volvemos a encontrar.
Y así nos reconocemos
por el lejano mirar,
por las coplas que mordemos,
semillas de inmensidad.
Y así seguimos andando
curtidos de soledad.
Y en nosotros nuestros muertos
Pa´ que nadie quede atrás
Yo tengo tantos hermanos
que no los puedo contar.
Y una hermana muy hermosa
que se llama Libertad.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Chauffeur
Se tudo na vida não fosse relativo, não teríamos saída. O quatro meia zero é o ônibus da minha vida. Diferentemente de uma mulher, um ônibus tem que fazer por merecer esse cargo. Isso pode ser bom, porque quando é por mérito o caminho à recompensa é bem delineado e semi-sabido previamente. Isso é excelente para os ônibus, que estão acostumados com caminhos certos, que são como cavalos, com viseiras laterais para não desviarem de seu caminho. O problema é que os ônibus não se preocupam com a decisão de seu caminho. São os motoristas. Motorista significa tomador de decisão. Para ser preciso, tomador de mesma decisão. Motorista de ônibus é o cara mais disciplinado do mundo. Não sei porque ainda não foram chamados para dar palestras sobre disciplina. Será que não sabem ensinar, como os professores? Verdade seja dita, professores também são muito disciplinados. A semelhança entre motoristas de ônibus e professores é que entra-ano-sai-ano, ou entra-dia-sai-dia, ambos sempre pegam o mesmo caminho, coitados. Coitados mesmo se eles, acostumados à rotina, fossem obrigados a ser eu, que não consigo manter o mesmo caminho nem na primeira vez que o tomo. Pensando em rotina, quantas dicas não teriam os motoristas e os professores para os maridos. Imaginem, tão acostumados com a rotina e tão acostumados com pouco. Chauffeur é uma palavra bonita. Mas só no Brasil, porque na França significa motorista.
segunda-feira, 8 de março de 2010
Comédia Humana numa Vida Privada
O choro e o riso são definitivamente expressões distintas. Mas ambos envolvem contração dos músculos da face, ambos são capazes de tirar o fôlego, ambos podem acontecer em momentos de nervosismo e em momentos de alegria e de tristeza.
Estou muito empolgado com minha ida ao Brasil, penso o tempo todo no que vou fazer por aí. Contudo sei que a partida de volta para Golden vai ser dura. Sei que no sábado quando eu estiver voltando vai dar um aperto no coração.
Ao mesmo tempo, essa ida faz eu me dar conta de como eu me habituei à minha vida aqui. Tenho consciência que de fato expandi minhas fronteiras. Continuo enxergando o Brasil como minha casa, continua muito natural para mim falar que a casa dos meus pais é minha casa. Mas além disso, agora também é muito natural para mim chamar Golden de minha casa. Sinto-me tão bem por aqui que este território agora é meu. Não tenho mais preocupações exageradas com minha conduta aqui devido ao fato de eu não ser cidadão americano. Sinto-me confortável para ultrapassar o limite de 30 mi/h na Washington como fazem todos os cidadãos locais. Quando as pessoas escutam meu sotaque e perguntam de onde eu sou tenho vontade de dizer "do que você está falando?". Então, vem essa viagem e eu estranho ter que passar 12 horas em um avião para ir da minha casa à minha casa. Nunca atravessei um corredor tão grande para chegar da sala à cozinha. Essa é uma sensação que eu já tinha sentido quando morei em Sampa, mas de forma menos arraigada. É uma sensação que não podemos sentir quando viajamos de férias, porque de férias podemos conhecer um pouco do lugar mas não nos sentimos pertencendo a ele.
Nesse interlúdio goldenite vou chorar e sorrir, tanto por alegria quanto por tristeza nos dois casos. A alegria e a tristeza são sintomas de um mesmo bem que acontece dentro de nós: o estiramento de nosso perímetro pessoal.
See ya!
Estou muito empolgado com minha ida ao Brasil, penso o tempo todo no que vou fazer por aí. Contudo sei que a partida de volta para Golden vai ser dura. Sei que no sábado quando eu estiver voltando vai dar um aperto no coração.
Ao mesmo tempo, essa ida faz eu me dar conta de como eu me habituei à minha vida aqui. Tenho consciência que de fato expandi minhas fronteiras. Continuo enxergando o Brasil como minha casa, continua muito natural para mim falar que a casa dos meus pais é minha casa. Mas além disso, agora também é muito natural para mim chamar Golden de minha casa. Sinto-me tão bem por aqui que este território agora é meu. Não tenho mais preocupações exageradas com minha conduta aqui devido ao fato de eu não ser cidadão americano. Sinto-me confortável para ultrapassar o limite de 30 mi/h na Washington como fazem todos os cidadãos locais. Quando as pessoas escutam meu sotaque e perguntam de onde eu sou tenho vontade de dizer "do que você está falando?". Então, vem essa viagem e eu estranho ter que passar 12 horas em um avião para ir da minha casa à minha casa. Nunca atravessei um corredor tão grande para chegar da sala à cozinha. Essa é uma sensação que eu já tinha sentido quando morei em Sampa, mas de forma menos arraigada. É uma sensação que não podemos sentir quando viajamos de férias, porque de férias podemos conhecer um pouco do lugar mas não nos sentimos pertencendo a ele.
Nesse interlúdio goldenite vou chorar e sorrir, tanto por alegria quanto por tristeza nos dois casos. A alegria e a tristeza são sintomas de um mesmo bem que acontece dentro de nós: o estiramento de nosso perímetro pessoal.
See ya!
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Pout-Pourri Daqui
Reza a lenda que a Anabela de Malhados (assistam http://www.youtube.com/watch?v=hIrRNFa8OiA vale muito a pena!!) viu uma casca de banana na sua frente e falou "lá vou-me fudeire uma vez mais, ó pá".
Nada como um dia após o outro e a experiência de vida para a gente se solidarizar com as limitações das outras pessoas. Aqui os dias de neve em geral são seguidos por dias muito, mas muito ensolarados mesmo. São dias cinematográficos, parece que Deus tratou o mundo com fotochope, porque a luminosidade aumenta com a brancura que se espalha por todos os lados. Esse sol todo faz a neve derreter forte e quando eu saio de casa de manhã escuto os estalidos como quando rachamos os cubinhos de gelo da tigela do congelador. Para os que conhecem o Atacama, parecem os estalidos que aquelas rochas fazem à tarde, por causa da dilatação térmica. O outro lado da moeda é que a neve fofa vira uma camada lisa de gelo cobrindo boa parte do chão. Em algumas partes a calçada fica completamente tomada por esse gelo e não há por onde passar a não ser por ele. Nessa hora peço perdão à Anabela por ter rido tanto dela e exercito minha capacidade de cair o mínimo possível. Uma coisa que aprendi com um colega aqui da geofísica é que a melhor maneira de passar por essas capas de gelo é sair correndo, pular em cima delas e ir patinando até o outro lado. Por mais perigoso que pareça, é como andar de bicicleta, em movimento você se equilibra melhor do que parado. Além do mais, assim você cai no máximo uma vez, o que já é um bom número, e se diverte bastante!
Outra curiosidade aqui da América é a expressão que eles usam pra cavalo-de-pau, a manobra de carro. Eles falam "slip on the shit". Slip significa escorregar! O resto é com vocês.
Outro dia estava saindo da loja do posto de gasolina e vi que ainda não superei totalmente uma armadilha que a língua nos prega. Na porta estava PUSH e eu puxava mas a porta não vinha, até que vi em letras miúdas EMPUJE e lembrei daqueles dias na Cultura Inglesa em que minha mente não conseguia associar esse som tão familiar ao sentido oposto do que eu estava acostumado! Eu tô melhorando, mas ainda tenho que comer muito feijão com arroz. O problema é que tá difícil de arrumar tempo pra cozinhar feijão.
Espero que vocês estejam tendo um bom carnaval! Vi que coisas muito boas estão acontecendo no Brasil. Os blocos estão mais organizados e com poucas brigas (apesar de uma ou outra facada), o samba da Mangueira tá muito bonito, o Sol tá abençoando a semana, os botafoguenses estão novamente se c*g*nd* de medo e a camisa listrada do Arruda não é fantasia de carnaval!
Um grande abraço e muita saudade!
Julin!
Nada como um dia após o outro e a experiência de vida para a gente se solidarizar com as limitações das outras pessoas. Aqui os dias de neve em geral são seguidos por dias muito, mas muito ensolarados mesmo. São dias cinematográficos, parece que Deus tratou o mundo com fotochope, porque a luminosidade aumenta com a brancura que se espalha por todos os lados. Esse sol todo faz a neve derreter forte e quando eu saio de casa de manhã escuto os estalidos como quando rachamos os cubinhos de gelo da tigela do congelador. Para os que conhecem o Atacama, parecem os estalidos que aquelas rochas fazem à tarde, por causa da dilatação térmica. O outro lado da moeda é que a neve fofa vira uma camada lisa de gelo cobrindo boa parte do chão. Em algumas partes a calçada fica completamente tomada por esse gelo e não há por onde passar a não ser por ele. Nessa hora peço perdão à Anabela por ter rido tanto dela e exercito minha capacidade de cair o mínimo possível. Uma coisa que aprendi com um colega aqui da geofísica é que a melhor maneira de passar por essas capas de gelo é sair correndo, pular em cima delas e ir patinando até o outro lado. Por mais perigoso que pareça, é como andar de bicicleta, em movimento você se equilibra melhor do que parado. Além do mais, assim você cai no máximo uma vez, o que já é um bom número, e se diverte bastante!
Outra curiosidade aqui da América é a expressão que eles usam pra cavalo-de-pau, a manobra de carro. Eles falam "slip on the shit". Slip significa escorregar! O resto é com vocês.
Outro dia estava saindo da loja do posto de gasolina e vi que ainda não superei totalmente uma armadilha que a língua nos prega. Na porta estava PUSH e eu puxava mas a porta não vinha, até que vi em letras miúdas EMPUJE e lembrei daqueles dias na Cultura Inglesa em que minha mente não conseguia associar esse som tão familiar ao sentido oposto do que eu estava acostumado! Eu tô melhorando, mas ainda tenho que comer muito feijão com arroz. O problema é que tá difícil de arrumar tempo pra cozinhar feijão.
Espero que vocês estejam tendo um bom carnaval! Vi que coisas muito boas estão acontecendo no Brasil. Os blocos estão mais organizados e com poucas brigas (apesar de uma ou outra facada), o samba da Mangueira tá muito bonito, o Sol tá abençoando a semana, os botafoguenses estão novamente se c*g*nd* de medo e a camisa listrada do Arruda não é fantasia de carnaval!
Um grande abraço e muita saudade!
Julin!
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Babel
Hoje fiquei muito emocionado. Muito emocionado por estar longe de casa, razoavelmente desconhecido pelo meio onde estou, hoje que tive que reaprender a preencher um cheque, tal qual com 8 ou 9 anos quando pedia a meu pai e ele me deixava imprimir minha letrinha ingênua naquela folha tão séria. Esses fatos têm permeado meu cotidiano nos últimos dias. Mas minha emoção hoje só veio à tona a partir das oito da noite quando fui estrear meu futebol nessa terra. E minha condição de estrangeiro foi fundamental para aguçar minha percepção. Também foi fundamental que a maioria fosse jovens de países espalhados pelo mundo para que cada um pudesse se despir dos penduricalhos que nos tornam diferentes.
Ficamos sabendo de manhã, Nier e eu, que toda quarta tem pelada no ginásio. O Nier veio me dizer que o John (nosso colega inglês) tinha chamado a gente pro futiba. Achei curioso quando o Nier "Ele me falou que fica cheio de árabe" e por isso eu "Você acha que ele falou isso com tom de discriminação?", "Não sei, talvez sim, talvez exista algum conflito".
Mas não encontramos nenhum conflito. Encontramos uma difora de dar inveja, que levamos um tempo até compreender e aceitar que funciona, sem nenhuma organização de "a primeira difora é minha, a segunda é sua, eu já esperei duas partidas tá na hora de eu entrar", mas em que ninguem se sentiu lesado por um outro colega passando sua frente. Encontramos uma partida em que muitas línguas diziam "toca, volta, chuta, aqui aqui, vira o jogo" e eram entendidas por todos. Lembrou-me aquele email que recebemos e em que cada palavra tem as letras desordenadas mas que conseguimos ler como se estivessem ordenadas da maneira correta. Embora a sequência de fonemas ditos fosse estranha, conseguíamos entender "Deixa de ser fominha e toca a bola!", porque o sentido da frase é mais fundamental do que a codificação em que ela é expressa.
Encontramos uma partida indoor em que a bola não sai, as balisas são um vão na parede igualzinho a mesa de totó e uma bola que quicava feito uma perereca. Jogamos de oito as dez, a bola só parava quando ia entrar a difora, e não teve nenhuma falta. Além disso, as condições estranhas de jogo faziam com que os bons se tornassem médios, os ruins também e eu me emocionasse.
Uma pelada é uma meditação em que encontramos nossa essência, nossa camada existencial mais profunda. E nossa essência não diz fonemas nem distingue etnias, carrega apenas nosso desejo de fazer gol, nossa preguiça de voltar para a defesa para evitar o contra-ataque adversário. O retrato de nossa essência é o Mohamed gritando em alguma língua "ae, fulaninho, quem diria?!" para o gordinho que não parecia jogar nenhuma bola mas mostrou muita habilidade e tranquilidade ao lançar como fez o Zico para o Nunes em 81. Igualzinho gritávamos na faculdade quando o Bertussi fazia um gol nas peladas da sede campestre. Na essência somos todos garotos, e as mulheres também são meninas. Na essência, queremos gol e nada mais.
Ficamos sabendo de manhã, Nier e eu, que toda quarta tem pelada no ginásio. O Nier veio me dizer que o John (nosso colega inglês) tinha chamado a gente pro futiba. Achei curioso quando o Nier "Ele me falou que fica cheio de árabe" e por isso eu "Você acha que ele falou isso com tom de discriminação?", "Não sei, talvez sim, talvez exista algum conflito".
Mas não encontramos nenhum conflito. Encontramos uma difora de dar inveja, que levamos um tempo até compreender e aceitar que funciona, sem nenhuma organização de "a primeira difora é minha, a segunda é sua, eu já esperei duas partidas tá na hora de eu entrar", mas em que ninguem se sentiu lesado por um outro colega passando sua frente. Encontramos uma partida em que muitas línguas diziam "toca, volta, chuta, aqui aqui, vira o jogo" e eram entendidas por todos. Lembrou-me aquele email que recebemos e em que cada palavra tem as letras desordenadas mas que conseguimos ler como se estivessem ordenadas da maneira correta. Embora a sequência de fonemas ditos fosse estranha, conseguíamos entender "Deixa de ser fominha e toca a bola!", porque o sentido da frase é mais fundamental do que a codificação em que ela é expressa.
Encontramos uma partida indoor em que a bola não sai, as balisas são um vão na parede igualzinho a mesa de totó e uma bola que quicava feito uma perereca. Jogamos de oito as dez, a bola só parava quando ia entrar a difora, e não teve nenhuma falta. Além disso, as condições estranhas de jogo faziam com que os bons se tornassem médios, os ruins também e eu me emocionasse.
Uma pelada é uma meditação em que encontramos nossa essência, nossa camada existencial mais profunda. E nossa essência não diz fonemas nem distingue etnias, carrega apenas nosso desejo de fazer gol, nossa preguiça de voltar para a defesa para evitar o contra-ataque adversário. O retrato de nossa essência é o Mohamed gritando em alguma língua "ae, fulaninho, quem diria?!" para o gordinho que não parecia jogar nenhuma bola mas mostrou muita habilidade e tranquilidade ao lançar como fez o Zico para o Nunes em 81. Igualzinho gritávamos na faculdade quando o Bertussi fazia um gol nas peladas da sede campestre. Na essência somos todos garotos, e as mulheres também são meninas. Na essência, queremos gol e nada mais.
sábado, 30 de janeiro de 2010
Fecha Aspas
Na presença da vontade de me expressar e na falta de capacidade de escrever que o sono me dá, ofereço palavras de Fernando Pessoa para todos que precisam de redenção.
"Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta."
Boa noite!
"Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta."
Boa noite!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
SEBASTIÃO
Olá, pessoal!
Assim como Sebastião ressurgiu após ter sido dado como morto, faço uma homenagem a nosso padroeiro ressurgindo após mais de 2 semanas sem dar notícias por esse blog!
Por aqui a vida mudou muito nesses últimos 16 dias. Uma mudança é que já sei que quem vem de Golden chama-se Goldenite! A principal delas, contudo, é que agora me abrigo do frio e da secura Goldenites em uma deliciosa, charmosa, aconchegante e razoavelmente bem equipada casa. Outro fato muito relevante é que minhas aulas já começaram e os poucos deveres de casa que tive até agora já botaram pra quebrar com minha disponibilidade para fazer outras coisas. Talvez a única coisa que me tome mais tempo do que os estudos é a pilha de formulários que eu tenho que preencher e entregar na Mines me registrando em todos os escritórios de pós-graduação, internacional, de inscrição, etc, além das mil palestras orientando sobre segurança, meio smbiente, saúde, assédio sexual, como ser um estrangeiro no Colorado, como ser um aluno do Departamento de Geofísica, etc. Fora isso tudo, tenho descoberto que o ambiente de pós-graduação da Mines não deixa nada a desejar à ONU ou ao CISV (Children International Summer Village, programa que promove encontro de jovens de todo o mundo com o objetivo de quebrar estereótipos e unir as nações). Metade dos alunos é estrangeira, com representantes do Paquistão, Índia, Venezuela, Egito, Nepal, Austria, Inglaterra, Espanha, China e muito mais. Graças a Deus ainda não encontrei nenhum argentino!! Hahaha Brincadeira, gosto muito dos argentinos!
Voltando à casa... sua melhor qualidade é a vista que tem para o vale preenchido pela pitoresca Golden, uma cidade típica do western americano. Outro dia mesmo entrei num saloon com minhas duas pistolas embainhadas e avisei que o primeiro que se pusesse na minha frente vê-las-ia pular fora do coldre e soltar fumacinha. Tudo bem, voltando à vaca fria, meus pais tem me ajudado muito a montar a casa e sem a prática deles certamente eu ainda estaria engatinhando como dono de casa. Fico imaginando que eles poderiam apresentar um daqueles reality shows em que uma equipe dá um belo jeito na casa de pessoas sem nenhum gosto. Não quero dizer que eu não tenho bom gosto, mas sim que eles são exímios desenvolvedores de ambientes domésticos! Principalmente agora que minhas aulas começaram e eu tenho que passar o dia interpretando sessões sísmicas maiores do que eu, eles começaram a brincar de casinha pra valer e eu passei a precisar de um mapa pra saber onde minha mãe guardou o paninho tal, a colher de sopa, onde foram parar as panelas, onde meu pai guardou a chave de fenda, onde está a roupa suja. Aqueles que conhecem bem minha mãe sabem que ela não deixa a casa na mesma configuração por mais de algumas horas! Quando eles forem embora minha vida vai deixar de ser mole e aí sim vou saber como é chato lavar panelas com a barriga cheia depois de um dia cansativo. Enquanto isso vou aproveitando os mimos que só cabem aos filhos únicos!
Mas estou muito empolgado com minha moradia. Tudo nela me agrada, a confortável poltrona reclinante, por exemplo, é a realização de um sonho antigo. Mais profunda ainda é a realização de não ter ninguem morando em cima nem embaixo, sair pela porta de minha casa e poder pisar direto no solo da Terra, sem ter que me pendurar num caixote, apertar um botão e, se Itaipu não sofrer sobrecarga pelo uso de arcondionados, chegar à rua, após talvez ter tido que travar um questionamento idiota sobre se vai chover ou não com o vizinho que não me lembro o nome nem o número do apartamento. Além disso tudo, a casa tem tudo o que preciso, não é pequena a ponto de me sentir apertado nem grande a ponto de me sentir sozinho. O fato de ter 2 andares faz com que meu quarto (único cômodo no segundo andar) torne-se um lugar mais sagrado e relaxante, distante dos vai-e-vens do dia-a-dia. Por falar nele, e sem querer tirar onda, estou dormindo numa deliciosa cama queen size (porra, queen size parece coisa de viado, mas juro que é um tamanho bom). Outra coisa que me amarro é comer na mesa que tem na pseudo sala de jantar, que nada mais é que uma transição entre a sala de estar e a cozinha americana, que se separa da sala de estar por um balcão em formato de bar. Essa mesa fica junto a uma porta de vidro que tem uma vista para as montanhas nevadas criando um astral muito positivo sobretudo no início do dia quando estou tomando café e o sol surge com toda a força derretendo um pouquinho e fazendo brilhar o glassé cobrindo as rochosas! Viu, não é só no Rio que montanhas podem ser associadas a comida!
Acho que aqueles que conseguiram ler até aqui merecem que eu pare de babar a minha casa nova e passe pra outro assunto, que por sua vez não poderia ser nada mais nada menos que minha rotina universitária. As aulas começaram na quarta-feira da semana passada. Estou inscrito em 3 matérias: Seismic Interpretation (Interpretação Sísmica), Formation Evaluation (Avaliação de Formação, que trata de como lidar com informação que vem de poços) e Seismic Signature of Reservoir Systems (Assinatura Sísmica de Sistemas Reservatórios, que trata de como é a expressão de cada tipo de reservatório de petróleo em uma sessão sísmica). Bem, acho que após essa última frase eu consegui garantir que ninguem mais está lendo o blog! rsrssrs Brincadeira, juro que acredito no interesse que vocês tem por mim! Minhas aulas são nas manhãs de segunda à quarta e na noite de terça-feira. Hoje entreguei um trabalho no curso de interpretação que me demandou muito esforço. Contudo, ele era tão interessante que minha motivação fez com que eu desse uma caprichada especial e hoje, quando o professor pediu 4 voluntários para apresentarem suas sessões sísmicas interpretadas, lá fui eu defender minha interpretação utilizando um dos ingleses mais macarrônicos que eu já falei na minha vida. Antes de mim o Mohamed, um egípcio que adora o Brasil e anda com a camisa da seleção, apresentou seu trabalho. Nesse momento, para aqueles que ainda tão entendendo o embaralhamento da minha narrativa, preciso dar uma de Machado de Assis (sem querer parecer um pseudointelectual pedante mas já parecendo) e assumir que minha professora da quinta séria ia dar zero na minha coesão textual. Piada de nerd, não liguem. Voltando à apresentação, eu consegui conquistar a admiração do professor pelo meu trabalho a tal ponto que durante a aula que se seguiu ele citou várias vezes minha apresentação como exemplo do que ele estava expondo. Sei que parece bobo, mas para mim foi um grande feito, principalmente porque me envolvi muito com a interpretação dessa linha sísmica do Marrocos e também porque nunca fui um aluno de receber grandes elogios! Além da parte acadêmica propriamente dita, a Mines é muito forte na orientação que dá aos alunos com relação a como fazer tudo da melhor maneira possível. Por exemplo, eles tem um setor que te ajuda a escrever, seja sua tese, um artigo ou apenas um dever de casa para nota. Basta marcar um horário que um especialista critica seu texto e sua escrita, além de corrigir as macarronisses do nosso inglês de estrangeiro. A universidade também se preocupa muito com o bem estar físico e mental dos alunos, de forma que organiza inúmeras atividades esportivas, culturais e sociais, além de criar um ambiente bastante descontraído no campus. Amanhã mesmo começo minha natação e estou formando um time de futebol (o britânico, não o americano) global com colegas de todos os países citados no segundo parágrafo.
Como vocês podem ver, não tenho descansado muito. A única oportunidade que meus pais e eu tivemos de dar um passeio mais substancial foi no domingo passado, quando fomos para Vail, uma famosa estação de esqui. Fomos apenas pra dar uma voltinha, não para esquiar, até porque eu me cago de medo de teleférico, mas deu pra curtir o clima festivo que tava na cidade, principalmente porque segunda foi feriado em homenagem a Martin Luther King, o Zumbi dos Palmares norte americano. Preciso dar o crédito a meus hóspedes dessa terra com relação à seriedade com tratam esse assunto. É muito admirável a programação que a universidade e o diretório acedêmico montaram durante toda a semana para discutir e fomentar a diversidade cultural aqui na corte do império. Mais admirável ainda é a inteligência que os estadunidenses possuem ao colocar todos os feriados em segundas ou sextas para que todos sejam prolongados! E a gente acha que é malandro! Ainda no campo profissional, tenho percebido que por aqui ninguem gosta de trabalhar até muito tarde, pelo menos no inverno. Até onde pude ver somente o comércio fecha depois das 17/18 horas e mesmo assim não vai até muuuuito tarde. Por exemplo, é melhor matar sua fome até as nove ou então ter mantimentos em casa, porque os restaurantes dificilmente ficam abertos após essa hora. Claro que eu estou falando da perspectiva da minha pequenina experiência aqui no Colorado, não imaginem que isso mereça ser tomado como uma regra geral para os EUA.
Bom pessoal, acho que todos nós temos muito o que fazer. Eu, particularmente, preciso muito ir dormir. Mas antes gostaria de deixar registrado que gostei muito de todos os comentários de vocês e que me sinto muito feliz por saber que estão lendo o blog. Fiquem tranquilos que eu recebi todos os comentários! Desculpem-me por eu ter demorado tanto a escrever um novo post, passei a semana preenchendo formulários diferentes que pediam sempre as mesmas informações, além de estar montando uma casa e fazendo homeworks. Pelo menos, como prometido, consegui configurar o teclado e escrever um post sem erros ortográficos conscientes. Minha nova resolução blogueira agora é escrever com mais regularidade.
Ah, uma coisa rápida. Na quarta-feira há 2 semanas dirigi pela primeira vez sob neve pesada. Ainda estava morando no hotel, que fica há +ou- 4 milhas da universidade. Por volta das 16:30 estava resolvendo coisas na Mines quando notei que estava escurecendo e que a neve tava beeem pesada. Resolvi, então, tocar meu barco, mas quando cheguei no carro pensei que seria melhor ter um trenó, dada a quantidade de neve que tinha sobre e sob ele. Com muito sacrifício consegui limpar o parabrisas com a mão mas ainda acabou ficando uma crosta de gelo bem no lado do motorista. Tive então que ligar o carro e esperar uma eternidade até ele esquentar para jogar ar quente no vidro e mandar o gelo embora. Antes disso ainda cometi o erro básico de todo principiante nesse ambiente romanticamente hostil: joguei água no parabrisas para derreter o gelo! Qual não foi minha assombração ao ver que o remédio só agravou o problema e a água se congelou no vidro aumentando um pouco a camada de gelo. No final das contas o ar quente foi capaz de sanar a situação. Quando pude começar a andar com o carro lembrei da primeira vez que patinei no gelo. A superfície era lisa, mas o motorista era bom. Fui para a avenida 6 que é uma freeway em que a gente anda a 55 milhas por hora e estava cheinha de carros andando a 10 milhas por hora sobre a farinha gelada que além de toda a dificuldade que causava ainda impedia de vermos qualquer marcação na pista e diminuía muito a visibilidade no ar, atuando como uma neblina na serra. Fiquei tão atento que a imagem dos floquinhos de neve caindo na minha direção enquanto dirigia gravou-se fortemente na minha retina. Assim, quando fui tentar dormir nessa mesma noite demorei um bom tempo até parar de ver com os olhos bem fechados os mesmos floquinhos ainda caindo na minha direção.
Encerro dizendo que após meu último post um tanto quanto melancólico estou satisfeito em poder mostrar que está tudo indo de bem a melhor por aqui! Apesar da saudade de vocês, da carência de feijão e da consciência de que vou passar o carnaval sem blocos, samba e bagunça, estou muito feliz aqui!
Um grande abraço!
Assim como Sebastião ressurgiu após ter sido dado como morto, faço uma homenagem a nosso padroeiro ressurgindo após mais de 2 semanas sem dar notícias por esse blog!
Por aqui a vida mudou muito nesses últimos 16 dias. Uma mudança é que já sei que quem vem de Golden chama-se Goldenite! A principal delas, contudo, é que agora me abrigo do frio e da secura Goldenites em uma deliciosa, charmosa, aconchegante e razoavelmente bem equipada casa. Outro fato muito relevante é que minhas aulas já começaram e os poucos deveres de casa que tive até agora já botaram pra quebrar com minha disponibilidade para fazer outras coisas. Talvez a única coisa que me tome mais tempo do que os estudos é a pilha de formulários que eu tenho que preencher e entregar na Mines me registrando em todos os escritórios de pós-graduação, internacional, de inscrição, etc, além das mil palestras orientando sobre segurança, meio smbiente, saúde, assédio sexual, como ser um estrangeiro no Colorado, como ser um aluno do Departamento de Geofísica, etc. Fora isso tudo, tenho descoberto que o ambiente de pós-graduação da Mines não deixa nada a desejar à ONU ou ao CISV (Children International Summer Village, programa que promove encontro de jovens de todo o mundo com o objetivo de quebrar estereótipos e unir as nações). Metade dos alunos é estrangeira, com representantes do Paquistão, Índia, Venezuela, Egito, Nepal, Austria, Inglaterra, Espanha, China e muito mais. Graças a Deus ainda não encontrei nenhum argentino!! Hahaha Brincadeira, gosto muito dos argentinos!
Voltando à casa... sua melhor qualidade é a vista que tem para o vale preenchido pela pitoresca Golden, uma cidade típica do western americano. Outro dia mesmo entrei num saloon com minhas duas pistolas embainhadas e avisei que o primeiro que se pusesse na minha frente vê-las-ia pular fora do coldre e soltar fumacinha. Tudo bem, voltando à vaca fria, meus pais tem me ajudado muito a montar a casa e sem a prática deles certamente eu ainda estaria engatinhando como dono de casa. Fico imaginando que eles poderiam apresentar um daqueles reality shows em que uma equipe dá um belo jeito na casa de pessoas sem nenhum gosto. Não quero dizer que eu não tenho bom gosto, mas sim que eles são exímios desenvolvedores de ambientes domésticos! Principalmente agora que minhas aulas começaram e eu tenho que passar o dia interpretando sessões sísmicas maiores do que eu, eles começaram a brincar de casinha pra valer e eu passei a precisar de um mapa pra saber onde minha mãe guardou o paninho tal, a colher de sopa, onde foram parar as panelas, onde meu pai guardou a chave de fenda, onde está a roupa suja. Aqueles que conhecem bem minha mãe sabem que ela não deixa a casa na mesma configuração por mais de algumas horas! Quando eles forem embora minha vida vai deixar de ser mole e aí sim vou saber como é chato lavar panelas com a barriga cheia depois de um dia cansativo. Enquanto isso vou aproveitando os mimos que só cabem aos filhos únicos!
Mas estou muito empolgado com minha moradia. Tudo nela me agrada, a confortável poltrona reclinante, por exemplo, é a realização de um sonho antigo. Mais profunda ainda é a realização de não ter ninguem morando em cima nem embaixo, sair pela porta de minha casa e poder pisar direto no solo da Terra, sem ter que me pendurar num caixote, apertar um botão e, se Itaipu não sofrer sobrecarga pelo uso de arcondionados, chegar à rua, após talvez ter tido que travar um questionamento idiota sobre se vai chover ou não com o vizinho que não me lembro o nome nem o número do apartamento. Além disso tudo, a casa tem tudo o que preciso, não é pequena a ponto de me sentir apertado nem grande a ponto de me sentir sozinho. O fato de ter 2 andares faz com que meu quarto (único cômodo no segundo andar) torne-se um lugar mais sagrado e relaxante, distante dos vai-e-vens do dia-a-dia. Por falar nele, e sem querer tirar onda, estou dormindo numa deliciosa cama queen size (porra, queen size parece coisa de viado, mas juro que é um tamanho bom). Outra coisa que me amarro é comer na mesa que tem na pseudo sala de jantar, que nada mais é que uma transição entre a sala de estar e a cozinha americana, que se separa da sala de estar por um balcão em formato de bar. Essa mesa fica junto a uma porta de vidro que tem uma vista para as montanhas nevadas criando um astral muito positivo sobretudo no início do dia quando estou tomando café e o sol surge com toda a força derretendo um pouquinho e fazendo brilhar o glassé cobrindo as rochosas! Viu, não é só no Rio que montanhas podem ser associadas a comida!
Acho que aqueles que conseguiram ler até aqui merecem que eu pare de babar a minha casa nova e passe pra outro assunto, que por sua vez não poderia ser nada mais nada menos que minha rotina universitária. As aulas começaram na quarta-feira da semana passada. Estou inscrito em 3 matérias: Seismic Interpretation (Interpretação Sísmica), Formation Evaluation (Avaliação de Formação, que trata de como lidar com informação que vem de poços) e Seismic Signature of Reservoir Systems (Assinatura Sísmica de Sistemas Reservatórios, que trata de como é a expressão de cada tipo de reservatório de petróleo em uma sessão sísmica). Bem, acho que após essa última frase eu consegui garantir que ninguem mais está lendo o blog! rsrssrs Brincadeira, juro que acredito no interesse que vocês tem por mim! Minhas aulas são nas manhãs de segunda à quarta e na noite de terça-feira. Hoje entreguei um trabalho no curso de interpretação que me demandou muito esforço. Contudo, ele era tão interessante que minha motivação fez com que eu desse uma caprichada especial e hoje, quando o professor pediu 4 voluntários para apresentarem suas sessões sísmicas interpretadas, lá fui eu defender minha interpretação utilizando um dos ingleses mais macarrônicos que eu já falei na minha vida. Antes de mim o Mohamed, um egípcio que adora o Brasil e anda com a camisa da seleção, apresentou seu trabalho. Nesse momento, para aqueles que ainda tão entendendo o embaralhamento da minha narrativa, preciso dar uma de Machado de Assis (sem querer parecer um pseudointelectual pedante mas já parecendo) e assumir que minha professora da quinta séria ia dar zero na minha coesão textual. Piada de nerd, não liguem. Voltando à apresentação, eu consegui conquistar a admiração do professor pelo meu trabalho a tal ponto que durante a aula que se seguiu ele citou várias vezes minha apresentação como exemplo do que ele estava expondo. Sei que parece bobo, mas para mim foi um grande feito, principalmente porque me envolvi muito com a interpretação dessa linha sísmica do Marrocos e também porque nunca fui um aluno de receber grandes elogios! Além da parte acadêmica propriamente dita, a Mines é muito forte na orientação que dá aos alunos com relação a como fazer tudo da melhor maneira possível. Por exemplo, eles tem um setor que te ajuda a escrever, seja sua tese, um artigo ou apenas um dever de casa para nota. Basta marcar um horário que um especialista critica seu texto e sua escrita, além de corrigir as macarronisses do nosso inglês de estrangeiro. A universidade também se preocupa muito com o bem estar físico e mental dos alunos, de forma que organiza inúmeras atividades esportivas, culturais e sociais, além de criar um ambiente bastante descontraído no campus. Amanhã mesmo começo minha natação e estou formando um time de futebol (o britânico, não o americano) global com colegas de todos os países citados no segundo parágrafo.
Como vocês podem ver, não tenho descansado muito. A única oportunidade que meus pais e eu tivemos de dar um passeio mais substancial foi no domingo passado, quando fomos para Vail, uma famosa estação de esqui. Fomos apenas pra dar uma voltinha, não para esquiar, até porque eu me cago de medo de teleférico, mas deu pra curtir o clima festivo que tava na cidade, principalmente porque segunda foi feriado em homenagem a Martin Luther King, o Zumbi dos Palmares norte americano. Preciso dar o crédito a meus hóspedes dessa terra com relação à seriedade com tratam esse assunto. É muito admirável a programação que a universidade e o diretório acedêmico montaram durante toda a semana para discutir e fomentar a diversidade cultural aqui na corte do império. Mais admirável ainda é a inteligência que os estadunidenses possuem ao colocar todos os feriados em segundas ou sextas para que todos sejam prolongados! E a gente acha que é malandro! Ainda no campo profissional, tenho percebido que por aqui ninguem gosta de trabalhar até muito tarde, pelo menos no inverno. Até onde pude ver somente o comércio fecha depois das 17/18 horas e mesmo assim não vai até muuuuito tarde. Por exemplo, é melhor matar sua fome até as nove ou então ter mantimentos em casa, porque os restaurantes dificilmente ficam abertos após essa hora. Claro que eu estou falando da perspectiva da minha pequenina experiência aqui no Colorado, não imaginem que isso mereça ser tomado como uma regra geral para os EUA.
Bom pessoal, acho que todos nós temos muito o que fazer. Eu, particularmente, preciso muito ir dormir. Mas antes gostaria de deixar registrado que gostei muito de todos os comentários de vocês e que me sinto muito feliz por saber que estão lendo o blog. Fiquem tranquilos que eu recebi todos os comentários! Desculpem-me por eu ter demorado tanto a escrever um novo post, passei a semana preenchendo formulários diferentes que pediam sempre as mesmas informações, além de estar montando uma casa e fazendo homeworks. Pelo menos, como prometido, consegui configurar o teclado e escrever um post sem erros ortográficos conscientes. Minha nova resolução blogueira agora é escrever com mais regularidade.
Ah, uma coisa rápida. Na quarta-feira há 2 semanas dirigi pela primeira vez sob neve pesada. Ainda estava morando no hotel, que fica há +ou- 4 milhas da universidade. Por volta das 16:30 estava resolvendo coisas na Mines quando notei que estava escurecendo e que a neve tava beeem pesada. Resolvi, então, tocar meu barco, mas quando cheguei no carro pensei que seria melhor ter um trenó, dada a quantidade de neve que tinha sobre e sob ele. Com muito sacrifício consegui limpar o parabrisas com a mão mas ainda acabou ficando uma crosta de gelo bem no lado do motorista. Tive então que ligar o carro e esperar uma eternidade até ele esquentar para jogar ar quente no vidro e mandar o gelo embora. Antes disso ainda cometi o erro básico de todo principiante nesse ambiente romanticamente hostil: joguei água no parabrisas para derreter o gelo! Qual não foi minha assombração ao ver que o remédio só agravou o problema e a água se congelou no vidro aumentando um pouco a camada de gelo. No final das contas o ar quente foi capaz de sanar a situação. Quando pude começar a andar com o carro lembrei da primeira vez que patinei no gelo. A superfície era lisa, mas o motorista era bom. Fui para a avenida 6 que é uma freeway em que a gente anda a 55 milhas por hora e estava cheinha de carros andando a 10 milhas por hora sobre a farinha gelada que além de toda a dificuldade que causava ainda impedia de vermos qualquer marcação na pista e diminuía muito a visibilidade no ar, atuando como uma neblina na serra. Fiquei tão atento que a imagem dos floquinhos de neve caindo na minha direção enquanto dirigia gravou-se fortemente na minha retina. Assim, quando fui tentar dormir nessa mesma noite demorei um bom tempo até parar de ver com os olhos bem fechados os mesmos floquinhos ainda caindo na minha direção.
Encerro dizendo que após meu último post um tanto quanto melancólico estou satisfeito em poder mostrar que está tudo indo de bem a melhor por aqui! Apesar da saudade de vocês, da carência de feijão e da consciência de que vou passar o carnaval sem blocos, samba e bagunça, estou muito feliz aqui!
Um grande abraço!
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Tomando rumo
Ola, pessoal!
Esse post ainda sera com um teclado nao configurado para o portugues, mas espero resolver esse problema em breve.
Hoje encarei da forma ate entao mais concreta que ficarei 2 anos num lugar pelo qual tive empatia mas que nao guarda referencias pessoais minhas. Nao condenem o drama pois, apesar de suave, ele eh real.
Comprei o segundo carro da minha vida no meu segundo dia em Golden e no meu ultimo em 2009. Se ele fosse um gato ou um cachorro estaria velhinho, pois tem 10 anos de idade. Contudo, é um Toyota Camry que passou pelas maos de uma unica dona, muito cuidadosa. Por isso, continua sendo um vigoroso carrao, com um motor 3.0 de 6 cilindros, piloto automatico, teto solar, todo em couro, muito confortavel, bonito e raitec. Essa compra nos deixou tao cansados (meus pais e eu), que so conseguimos comemorar decentemente o reveillon do Brasil, pois a meia-noite daqui estavamos indo pra cama!
Comecamos entao a ter chances de sobrevivencia nessa cidade em que quase nao ha onibus nem taxi circulando pelas ruas. Mas para nos sentir gente precisamos comprar ainda um celular.
Depois disso soh faltava uma grande providencia: uma casa! A procura nao foi dura, mas a escolha dentre as opcoes encontradas foi muito dificil para esse incuravel DDA (libriano, para os misticos). Aquela cottage que eu disse ter gostado no post anterior ficou entre as favoritas e foi disputar a final com uma de suas primas de condomino, que tinha 1 quarto a mais e uma vista tambem bela! Como a diferenca de preco era pequena, fiquei com a de 1 quarto a mais (no total sao 2 quartos!).
A escolha gerou muita alegria e uma certa euforira. Foi como ser apresentado ao bebe que acaba de sair da barriga de sua esposa. Foi muito aliviante ver que tinhamos chegado ao fim daquele periodo de gestacao, que a crianca era bonita e saudavel e que podiamos fazer grandes projetos para ela!
Contudo, a metafora do bebe nao para por aih. Apos a escolha, fomos ao escritorio do condominio (Canyon Point Cottages) para assinar a papelada. Deu um certo trabalho ler e preencher tudo, mas ateh esse momento nada foi tao assombroso quanto a escolha do periodo de aluguel. Minhas opcoes variavam de 6 a 13 meses sendo que no caso de quebra de contrato eu teria que pagar todos os meses restantes. Ou seja, se eu vier a ter algum problema e nao quiser mais morar nesse condominio nao terei essa possibilidade. Por outro lado, estou alugando numa promocao - que foi lancada por conta da crise - e apos o termino do contrato o preco do aluguel vai subir significativamente. Optei, entao, pela garantia de preco baixo e risco de nao poder me mudar caso algo de errado aconteca. Eh aih que a metafora ressurge. Esse lindo filho mostrou que exige responsabilidades, que eu precisarei seguir a seu lado ateh o final de fevereiro de 2011, independentemente do seu comportamento nesse tempo.
Essa metafora teve um grande peso psicologico. Ela selou minha ausencia do Brasil pelo proximo ano, pelo menos. Isso tornou minha tarde de domingo bastante nostalgica. E como a vida eh filme sim, nessa mesma tarde em que deixei de ser apenas filho e me tornei simbolicamente pai responsavel, a nostalgia foi corroborada por uma precipitacao de neve quase musical. No meu primeiro dia de pai vi a neve cair pela primeira vez na minha vida.
Soh consegui aliviar a nostalgia ao parar o carro diante do ceu poente e imaginar que nao havia muros entre a minha terra e o lugar onde estou, que a atmosfera eh a mesma aqui e lah, que o mundo eh contiguo. Poucas coisas sao tao agradaveis pra mim nesse momento quanto imaginar que o mundo eh contiguo! Eh curioso reparar que apenas essa imagem - talvez por ser tao primitiva em nossa mente - eh que foi suficiente para me dar conforto. Saber que eu posso ver as pessoas por skype eh bom, mas nao eh suficiente como eh essa imagem. Nem saber que o aviao eh rapido.
Pondo fim as reflexoes, a casa soh estara disponivel para mim no sabado, dia 09. Ateh lah vou comprar moveis e pedir para que soh entreguem a partir desse dia. Tambem pretendo ir logo na Mines conversar com meu orientador.
Beijo em todos!
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. "
Esse post ainda sera com um teclado nao configurado para o portugues, mas espero resolver esse problema em breve.
Hoje encarei da forma ate entao mais concreta que ficarei 2 anos num lugar pelo qual tive empatia mas que nao guarda referencias pessoais minhas. Nao condenem o drama pois, apesar de suave, ele eh real.
Comprei o segundo carro da minha vida no meu segundo dia em Golden e no meu ultimo em 2009. Se ele fosse um gato ou um cachorro estaria velhinho, pois tem 10 anos de idade. Contudo, é um Toyota Camry que passou pelas maos de uma unica dona, muito cuidadosa. Por isso, continua sendo um vigoroso carrao, com um motor 3.0 de 6 cilindros, piloto automatico, teto solar, todo em couro, muito confortavel, bonito e raitec. Essa compra nos deixou tao cansados (meus pais e eu), que so conseguimos comemorar decentemente o reveillon do Brasil, pois a meia-noite daqui estavamos indo pra cama!
Comecamos entao a ter chances de sobrevivencia nessa cidade em que quase nao ha onibus nem taxi circulando pelas ruas. Mas para nos sentir gente precisamos comprar ainda um celular.
Depois disso soh faltava uma grande providencia: uma casa! A procura nao foi dura, mas a escolha dentre as opcoes encontradas foi muito dificil para esse incuravel DDA (libriano, para os misticos). Aquela cottage que eu disse ter gostado no post anterior ficou entre as favoritas e foi disputar a final com uma de suas primas de condomino, que tinha 1 quarto a mais e uma vista tambem bela! Como a diferenca de preco era pequena, fiquei com a de 1 quarto a mais (no total sao 2 quartos!).
A escolha gerou muita alegria e uma certa euforira. Foi como ser apresentado ao bebe que acaba de sair da barriga de sua esposa. Foi muito aliviante ver que tinhamos chegado ao fim daquele periodo de gestacao, que a crianca era bonita e saudavel e que podiamos fazer grandes projetos para ela!
Contudo, a metafora do bebe nao para por aih. Apos a escolha, fomos ao escritorio do condominio (Canyon Point Cottages) para assinar a papelada. Deu um certo trabalho ler e preencher tudo, mas ateh esse momento nada foi tao assombroso quanto a escolha do periodo de aluguel. Minhas opcoes variavam de 6 a 13 meses sendo que no caso de quebra de contrato eu teria que pagar todos os meses restantes. Ou seja, se eu vier a ter algum problema e nao quiser mais morar nesse condominio nao terei essa possibilidade. Por outro lado, estou alugando numa promocao - que foi lancada por conta da crise - e apos o termino do contrato o preco do aluguel vai subir significativamente. Optei, entao, pela garantia de preco baixo e risco de nao poder me mudar caso algo de errado aconteca. Eh aih que a metafora ressurge. Esse lindo filho mostrou que exige responsabilidades, que eu precisarei seguir a seu lado ateh o final de fevereiro de 2011, independentemente do seu comportamento nesse tempo.
Essa metafora teve um grande peso psicologico. Ela selou minha ausencia do Brasil pelo proximo ano, pelo menos. Isso tornou minha tarde de domingo bastante nostalgica. E como a vida eh filme sim, nessa mesma tarde em que deixei de ser apenas filho e me tornei simbolicamente pai responsavel, a nostalgia foi corroborada por uma precipitacao de neve quase musical. No meu primeiro dia de pai vi a neve cair pela primeira vez na minha vida.
Soh consegui aliviar a nostalgia ao parar o carro diante do ceu poente e imaginar que nao havia muros entre a minha terra e o lugar onde estou, que a atmosfera eh a mesma aqui e lah, que o mundo eh contiguo. Poucas coisas sao tao agradaveis pra mim nesse momento quanto imaginar que o mundo eh contiguo! Eh curioso reparar que apenas essa imagem - talvez por ser tao primitiva em nossa mente - eh que foi suficiente para me dar conforto. Saber que eu posso ver as pessoas por skype eh bom, mas nao eh suficiente como eh essa imagem. Nem saber que o aviao eh rapido.
Pondo fim as reflexoes, a casa soh estara disponivel para mim no sabado, dia 09. Ateh lah vou comprar moveis e pedir para que soh entreguem a partir desse dia. Tambem pretendo ir logo na Mines conversar com meu orientador.
Beijo em todos!
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. "
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